APRENDIZAGEM  2  -   5ª Série  -  6° Ano PAISAGEM  E  MEMÓRIA

 

Leitura e Análise de Texto que ilustram as mudanças ocorridas nas paisagens da cidade de São Paulo nos últimos decênios.

 

As histórias que ouvimos referem-se, do início ao fim, a velhos lugares, inseparáveis dos eventos neles ocorridos. A casa, o bairro, algumas ruas, em geral o trajeto para a escola e o centro da cidade são descritos de um modo dispersivo nas lembranças várias, mas com alguns focos: o Viaduto do Chá, a Catedral, a Rua Direita, o Museu do Ipiranga, o Parque Siqueira Campos, o Teatro Municipal, o Trianon, a Avenida Paulista, a Avenida Angélica, o Jardim da Luz, a Cantareira... Esses lugares são descritos sob os vários pontos de vista [...]. Com todos esses pontos, poderíamos desenhar um mapa afetivo da cidade: São Paulo era familiar como a palma da mão quando suas dimensões eram humanas. Seus velhos habitantes dizem, apontando para a palma da mão: “ali no Gasômetro, ali na Ponte do Bom Retiro, ali na Estação”, como se estivessem vendo tais logradouros, ali adiante... É com satisfação que dizem que muitos desses locais “ainda estão lá” [...].

As várzeas tiveram um papel importante na história paulistana. Quando o sr. Amadeu era menino “tinha mais de mil campos de várzea [...]. Agora tudo virou fábrica, prédios de apartamentos. O problema da várzea é o terreno. Quem tinha um campo de 60 por 120 metros acabou vendendo pra fábrica” [...].

“Se nós vamos procurar na memória quantos jogadores da várzea, de uns 40 anos faz, tinha mais de mil jogadores... Hoje não jogam nem 10% daquilo que jogavam naquele tempo, por falta de campo, de lugar. Não tem onde jogar. Em cada bairro se fazia um campeonato, juntavam dez ou vinte clubes... A gente dizia: “Em que parque vamos jogar?” Não tinha ainda estádio, era campo livre, ninguém pagava para ver [...]. Quando foi morrendo o jogo da várzea e o futebol de bairro, começou a se concentrar o público nos estádios.”

Essas observações nos mostram a transformação de um esporte popular em esporte de massa. E o despojamento dos bairros de suas várzeas pela indústria e especulação imobiliária transformou a fisionomia de São Paulo, afetando para sempre uma dimensão da vida urbana [...].

BOSI, Ecléa. Memória e sociedade: lembranças de velhos. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. p. 447-9.

 

O texto apresenta algumas palavras em negrito que devem ser esclarecidos os seus significados, como:

 

Eventos:trata-se  de  acontecimentos de relevância,  que já aconteceram  ou estão sendo  programados. Esses acontecimentos pode ser social, artístico ou desportivo. Por exemplo: “Para o evento desta noite iremos assistir ao jogo entre as duas equipes classificadas no torneio.

 

Trajeto:Significa distância (espaço) que precisa ser percorrida para se chegar de um lugar a outro;

 

Dispersivo: Significa que dispersa com facilidade; que não possui concentração; desatento.

 

Dimensões: Tem o significado tamanho; uma extensão que, sendo alvo de medições, define a porção ocupada por um corpo.

 

Logradouros:significa tudo o que pode ser  logrado,usufruídooudesfrutadopor alguém. No geral,logradouro é uma rua; uma praça, umendereço público ouprivado

 

Despojamento:  É o  efeito de despojar ou despojar-se; Ação de retirar a posse de alguém ou de algo, em nosso caso, as várzeas foram tiradas dos bairros que a utilizavam como local de lazer.

 

Além dessas palavras devemos esclarecer que: "Mapa afetivo da cidade" relatado no texto tem o seguinte significado: a autora afirma que, na São Paulo antiga, os lugares eram inseparáveis dos eventos neles ocorridos.Dessa forma, os lugares da cidade tinham um valor afetivo,ligado a experiências pessoais. O mapa afetivo da cidade é formado pelas experiências que neles ocorreram, simbolizando uma relação de carinho entre a cidade e as pessoas que nela vivem.

 

"Esporte popular"Esporte popular: esporte aberto a todos, não sendo preciso pagar nem para praticar, nem para assistir.

 

Esporte de massa: O esporte de massa: esporte praticado por profissionais em grandes estádios, com público pagante.

 

Especulação imobiliária:  este é um fenômeno que é utilizado até hoje e significa especular com o preço dos terrenos. Em São Paulo e em todas as cidades brasileiras, existe uma tendência à valorização do preço da terra, e muitas pessoas compram terrenos urbanos apenas para aguardar a valorização e vender mais tarde por um preço mais elevado. Essas pessoas especulam com os imóveis, ou seja, praticam especulação imobiliária.

 

Fisionomia da cidade:é o aspecto geral da cidade, que inclui elementos de ordem cultural (tais como costumes e formas de relacionamento entre seus habitantes) e de ordem material (tais como edifícios, praças e avenidas).

 

No texto de autoria de Ecléa Bosi, pudemos perceber como paisagens antigas, que já foram intensamente transformadas, continuam a existir na memória das pessoas mais velhas. Assim, uma forma de sabermos como eram as paisagens na sua cidade ou no seu bairro é entrevistar pessoas que vivem nesses lugares há muito tempo. Podemos, também, visitar museus e bibliotecas, pesquisar em textos ou imagens e a partir daí saber o que foi transformado, o que foi preservado e a forma que isso ocorreu.

 

Devemos salientar que a entrevista com um morador antigo pode ser mais efetiva porque a probabilidade é muito grande de as pessoas relatarem elementos que fizeram parte da paisagem e não foram captadas por fotografias ou não foram divulgadas, tanto numa cidade como São Paulo, qualquer outra, ou ainda, nas zonas rurais.

 

Numa cidade como São Paulo, onde as mudanças ocorrem quase que diariamente, a paisagem é alterada em muito de um ano para outro, salvo alguns locais de preservação onde as alterações sejam proibidas.

 

Um exemplo é a marginal do Tietê que foi reconstruída a pouco tempo e, continua mudando pois a vegetação plantada aos poucos vai aparecendo, sem contar grandes construções ao longo de sua margem como comercio, ex: do Tietê Plaza Shopping e vários edifícios em sua margem esquerda na região do Bairro da Lapa.

 

No inicio do século XX o Rio Tietê era freqüentado por banhistas e pescadores, essa realidade começou a mudar muito a partir de 1930, quando São Paulo começou a receber as indústrias, a cidade cresceu com a chegada de operários de toda parte do país, como também os municípios vizinhos, aumentando o grau de poluição do rio. Quem polui o Rio Tietê não é somente o município de São Paulo, mas praticamente toda a região metropolitana.

 

Com a industrialização a paisagem foi se alterando rapidamente, loteamentos surgiram, o desmatamento da mata em volta da cidade foi intenso.

 

Interessante observarmos as datas que constam nas fotos da página 8 do caderno do aluno, volume 1, foi nesse período tão curto, que são Paulo começou a acelerar as mudanças, podemos observar nas fotos, que em cinco anos a paisagem foi quase totalmente alterada.

 

Não é somente São Paulo que se transformou ao longo do século XX, a maioria das cidades brasileiras, embora nos grandes centros essas mudanças fossem muito mais radicais.

 

O Campo também foi alterado, grandes estradas surgiram, a maioria das estradas de terra batida que existiam foram asfaltadas, com destaque para o estado de São Paulo, onde em seu interior é difícil encontrar uma estrada de terra que tinha relativa importância para a região que não tenha sido asfaltada.

 

As florestas do Estado de são Paulo foram derrubadas, dando lugar a imensas lavouras de café. Na década de 70 houve uma nova alteração na paisagem do interior paulista, grandes plantações de café foram queimadas pela grande geada de 1975, poucas foram recuperadas e deram lugar à pastagens, plantações de laranja, limão e a cana de açúcar para a produção de álcool combustível. Mais recentemente começaram a surgir grandes plantações de seringueiras.

 

O Desenvolvimento e mudanças de paisagens, no entanto, não ficaram restritas ao Estado de São Paulo, a partir da década de 1970, com a implantação de programas de integração nacional, algumas grandes rodovias foram construídas levando o progresso para longínquas cidades, bem como ao longo de seu trajeto. Esse desenvolvimento propiciou também o avanço das fronteiras agrícolas. Estes são alguns exemplos de mudanças na paisagem de São Paulo e do Brasil.

 

Neste capítulo estudamos e chegamos às seguintes conclusões: que a nossa cidade, e todos os lugares do Brasil vai mudando conforme o progresso vai chegando, porque as pessoas precisam de moradias, precisam de transportes, precisam de um trabalho e que para ter tudo isso é preciso fazer construções, estradas, fábricas, que com o aumento da população é preciso também ampliar a agricultura, construir estádios para a prática de esportes, centros de lazer, culturais, mais escolas e no campo, as vezes é preciso fazer desmatamentos para plantações ou construção de estradas.

 

Chegamos a conclusão também que nossos bairros eram bem diferentes no passado, que mudou porque a população aumentou e junto com ela o progresso. Ruas e avenidas foram construídas ou reformadas, novas moradias e estabelecimentos comerciais construídos e também grandes edifícios. Aprendemos ainda,  que o homem muda a paisagem para o seu conforto, para o seu trabalho gerar renda, para a saúde, o ensino e para a segurança também.

 

Fontes:

Caderno do Aluno volume 1

Caderno do Professor volume 1